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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

José Genoino e a saída de um "apaixonado"

Marta Caetetu - às 13h 29

Após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), José Genoino reafirma inocência e, por força "legal", deixa o Cargo de Assessor Especial do Ministério da Defesa 



"Dizem, no Brasil, que as decisões do Supremo Tribunal Federal
(STF) não se discutem, apenas são cumpridas. Devem ser
assumidas, portanto, como verdades irrefutáveis. Discordo.
Reservo-me o direito de discutir, aberta e democraticamente
com todos os cidadãos do meu país, a sentença que me foi
imposta e que serei obrigado a cumprir.
Estou indignado. Uma injustiça monumental foi cometida!
(...)



A Corte errou. A Corte foi, sobretudo, injusta. Condenou um
inocente. Condenou-me sem provas. Com efeito, baseado na
teoria do domínio funcional do fato que, nessas paragens de
teorias mal digeridas, se transformou na tirania da hipótese pré-estabelecida,
construiu-se uma acusação escabrosa que pode
prescindir de evidências, testemunhas e provas.
Sem provas para me condenar, basearam-se nas circunstancias de
eu ter sido presidente do PT. Isso é suficiente? É o suficiente
para fazerem tabula rasa de toda uma vida dedicada, um grande
sacrifício pessoal, à causa da democracia e a um projeto político
que vem libertando o Brasil da desigualdade e da justiça.
Pouco importa se não houve compra de votos. A tirania da hipótese pré-estabelecida se encarrega de
"provar" o que não houve. Pouco importa se eu não cuidava das questões financeiras do partido. A
tirania da hipótese pré-estabelecida se encarrega de afirmar o contrário. Pouco importa se, após
mais de 40 anos de política, o meu patrimônio pessoal continua o de um modesto cidadão de classe
média. Esta tirania afirma, contra todas as evidências, que não posso ser probo.
Nesse julgamento, transformaram ficção em realidade. Quanto maior a posição do sujeito na
estrutura do poder, maior a sua culpa. Se o indivíduo tinha uma posição de destaque, ele tinha de
ter conhecimento do suposto crime e condições de encobrir evidências e provas. Portanto, quantos
menos provas e evidencias contra ele, maior é a determinação de condená-lo. Trata-se de uma brutal
inversão dos valores básicos da justiça e de uma criminalização política.
Esse julgamento ocorre em meio a uma diuturna e sistemática campanha de ódio contra o meu
partido e contra um projeto político exitoso, que incomoda setores reacionários incrustados em
parcelas dos meios de comunicação, do sistema de justiça e das forças políticas que nunca aceitaram
a nossa vitória. Nessas condições, como ter um julgamento justo e isento? Como esperar um
julgamento sereno, no momento em que juízes são pautados por comentaristas políticos?
Além de fazer coincidir matematicamente o julgamento com as eleições.
Mas não se enganem. Na realidade, a minha condenação é a tentativa de condenar todo um partido,
todo um projeto político que vem mudando, para melhor, o brasil. Sobretudo para os que mais
precisam. Mas eles fracassarão. O julgamento da população sempre nos favorecerá. Pois ela sabe
reconhecer quem trabalha por seus justos interesses. Ela também sabe reconhecer a hipocrisia dos
moralistas de ocasião.
Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes. Não me envergonho de nada. Continuarei a
lutar com todas as minhas forças por um Brasil melhor, mais justo e soberano, como sempre fiz.
Essa é a história dos apaixonados pelo Brasil que decidiram, em plena ditadura, fundar um partido

que se propôs a mudar o país, vencendo o medo. E conseguiram. E, para desgosto de alguns, conseguirão. Sempre."




Reproduzido de: Jornal do Brasil


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