via@Marta Caetetu

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Em frente!

A noite parece que veio
Conversar comigo, dizendo:
"Pode dormir tranquila, porque só irei embora quando puder levar sua dor."
Não compreendi, prontamente.
Eu a ouvi mas estava surda para escutar.
Parei, meditei e escutei meu coração.
Ele batia triste e descompassado...
Repousei em meus desejos profundos
E reencontrei o passado.
Foi muita emoção!
Não havia o que lamentar;
Somente o que não poderia e não queria experimentar.
Cantei, pulei, amei...
Foram tantos e tantos bons momentos..
E enquanto meu filme rodava,
Rolaram lágrimas secas diante das dores sentidas, vividas e guardadas.
Neste instante, uni-me à noite
Como força vital.
Não sei bem o que aconteceu depois.
Já acordada, tive a impressão
De ter tido um sonho bom,
Porque havia tanta esperança
Pulsando por todo o meu corpo!
As dores já não doíam mais,
Os medos eram apenas sombras
E o desejo era de viver e amar.
Então, abri a porta e saí para caminhar e sentir a vida acontecer.
Fui pensar,
Repensar.
Fui amar,
Desamar.
Fui viver,
Renascer.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Confissões

Pousarei em um canto qualquer,
De uma folha qualquer.
Qualquer canto que transpire carinho.
Não estou no casulo
Mas estou metamorfoseando minhas emoções.
Preciso do silêncio, do escuro e da minha alma.
Não dá para conversar com ela ligada ao nosso admirável mundo louco, não é?
É sempre muito bom ficar um tempo comigo, espreitar minhas falhas, melhorar o que faço, de coração, sem esperar nada em troca, porque é o universo que se encarrega de devolver o que necessito.
E nao importa de onde venha!
Só é possível partilhar o que temos.
Por isso, preciso recarregar minha bateria,
Verificar o nível do óleo, troca do filtro etc. e tal.
Retornarei em excelente condição, pronta para mais alguns capítulos que, ainda, hei de viver ( e escrever).
P.S:  Haverá novidades, com certeza,
        Porque Deus é maravilhoso!

Faz de Conta

A imaginação é companheira inseparável da inocência
E transforma, ainda que por breve instante,
Tudo ao seu redor.
A infância das ausências
É vivida com alegria,
É vivida com sonhos latentes...
Um banco virá escada,
O braço de um sofá virá adega;
O jiló e uns palitos se transformam em mimoso bichinho,
Todo lençol é véu de uma noiva,
Qualquer parede vira tela para uma pequena artista.
A infância dos sonhos latentes
Está nua, brincando entre nós.
Não conseguimos
Vestir todos os sonhos...
Não conhecemos
Todos os sonhos...
O que fazer, então?
Ao nosso lado,
Há sonhos nus!
Se pudermos vestir
Um sonho possível,
O grão de areia, no deserto,
Irá rolar de alegria.
Vistamos, então, os sonhos possíveis.
Afinal, vida rima com poesia!

Ausência

Dentro de mim
Há  um oceano,
De água clara,
Em que você não tornará a banhar-se.
Dentro de mim
Há um coração,
Pleno de amor,
Que você não tornará a provar.
Por quê?
Porque um oceano,
Sempre precisará de mais água,
E seu copo está vazio.
Porque o amor
Que sobrevive,
Não dirá "presente"
Para quem murmurou:
"Ausente."

Sinais

A folha que balança
É a ponta da lança.
O sol que brilha
Norteia a trilha.
A formiga que passeia
É ação em cadeia.
O brilho no olhar
É luz do luar.
O pássaro que canta
É o som que me levanta.
E o barulho do mar...
Esse me diz:
"É tempo de amar!".

Encontro

Minha alma
Reconhece o amor
Em sua alma.
Não importa
Se buscamos outros corpos.
Minha alma
É amada, ainda que
As emoções me atravessem
O corpo
Na ausência de você.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Duplo

Invisível 

Havia uma porta
De madeira maciça, sem verniz,
Coberta por fina camada de tinta cinza, de aspecto fosco,
Que não escondia as marcas do tempo.
Não havia fechadura ou qualquer entalhe por onde abri -la.
Nela, estava afixada uma máscara,
Feita, com certeza, de papel machè.
Parecia que o desenho da boca tinha letras.
Aproximei-me devagar, busquei meus óculos
E estiquei-me para alcançá-la.
Ela era bem pequena!
Tirei-a do gancho e ela encontrou
O aconchego de uma das minhas mãos.
Havia alguma coisa escrita com letras estilizadas
Mas podia -se ler, claramente, o que a máscara insinuava gritar:
Ternura.
Nunca soube se havia algo
Ou alguém atrás daquela porta.
O que eu fiz?
A máscara está, até hoje,
Ao lado da minha
Caixinha de música.
Que quando aberta, deixa-nos ver sua bailarina rodopiando,
Enquanto a máscara sorri, dizendo...
Ternura.

Rapsódia Juvenil

Rapsódia juvenil

Hoje, bem cedinho,
Caminhando e cantando;
Seguindo o projeto
De fazer a depressão
Não mais me encontrar,
Imaginei como seria se tivesse estudado no CEFET.
É,  isso mesmo!
Aos treze, queria estudar Química
Mas meu pai, que tudo sabia de mim
Pegou-me no colo e disse que eu seria Professora.
Amo essa profissão!
Ele acertou
E eu me realizo.
Transformo minha realidade a cada dia,
Como uma pintura que nunca termina.
Mas e o CEFET?
Bom, da imaginação delirante
Emerge a silhueta
Do meu primeiro amor,
Sublime, delicado, perene.
Éramos jovens amantes,
Sem permissão...
Agora, compreendo
Que guardo, com carinho,
A sombra daquele amor, amor pueril.
Saudade?
Sempre terei saudade
Do lado bom da vida,
Das boas histórias.
Dos encontros e desencontros...
O que fazer, então?
Fortalecer-me nas desventuras,
Não fugir à verdade,
Viver, intensamente,
O que, ainda, há para viver.
Sem medo, sem dúvida,
Saboreando, vagarosamente,
O que, ainda,  há de ser.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Tecendo

Não importa em quantas terras passeou,
Quais planejamentos foram concluídos ou interrompidos.
Os objetivos, as metas, as estratégias
Não são os elementos que permanecem.
Eles são os fios utilizados
Para costurar nossas emoções, Construir nossas defesas...
A maneira como costuramos,
Os pontos escolhidos,
A distância entre eles...
Isso é o que permanece.
O que tecemos conta nossa história,  Revela o que aprendemos,
Os caminhos que pisamos
Ou ao tecermos,
Ignoramos, solenemente,
As experiências vividas?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Paráfrase

Preciso não dormir
Até poder viver
A história da gente

Preciso conduzir
A hora de calar
Te vendo se afastar, subitamente

Pretendo descobrir
Nas curvas do teu medo
Um desenho onipotente
Que rompe o mistério da partida
E que transborda todo segredo

Prometo te querer
Até a dor dizer
Presente, presente

Prefiro, então, partir
Levando o que foi bom
Calando o que quebrou, sem desistir

Depois de te perder
Tua transversal, com certeza, cruza a minha,
No ponto em que o olhar é o que nos      fala
E os desejos e delírios se reencontram

Eu sorrirei como criança
Sonhando e vivendo,
Amando e crescendo
E tu, se quiseres, me verás,
Ainda encantada,
Ao lado teu.

(Paráfrase da canção de Chico Buarque,  Todo o sentimento)

Incompletude


Sei que te amo,
Porque necessito do teu amor.
Sou feliz sem ele?
Sim, minha alma é feliz!
Mas viver é preencher lacunas,
Lacunas de desejos.
Tu completas um desses vazios.
Então,  rendo-me ao amor
Que sinto por ti.
Se eu posso viver sem teu amor?
Sim, claro!
Quisera que tu me amasses...
Não funciona assim.
Não se preenchem todas as lacunas.
E essa permanece vazia.
O que faço, então?
Meu coração se acalma
E minha alma se alegra,
Ao saber que és feliz.