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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Interpretações de Eric Hobsbawn



por Marta Caetetu - às 8h

O Globo
01/10/2012


Entrevista ao GLOBO sobre o livro “Bandidos”, em 2010
“Quer o ‘ladrão nobre’ do tipo Robin Hood exista ou não, as crenças populares sobre ele são quase universais na Europa e nas Américas. A função dos bandidos ‘vingadores’ é compensar a impotência dos pobres.”
“A desintegração do poder do Estado, ou a demonstração de sua relativa fraqueza, certamente favorece a ascensão do banditismo. Se há equivalentes ao banditismo social hoje, eles provavelmente têm mais consciência política do que no passado.”

O ano de 2011, em entrevista à BBC
“Foi uma grande alegria descobrir mais uma vez que é possível ver pessoas nas ruas, protestando, derrubando regimes.”

Fundamentalismos, em entrevista ao “El País”, em 2007
“Afeta todas as religiões. No caso do Islã, a revolução que triunfou no Irã tinha um forte desejo de consolidar um Estado, centralizá-lo e modernizá-lo. Os fundamentalistas judeus são desde 1967 os defensores mais convictos de Israel e reclamam suas ambições imperialistas. E não podemos esquecer a virada fundamentalista dos católicos, com os últimos papas e as comunidades protestantes nos EUA.”

Iluminismo, em entrevista ao GLOBO, em 2010
“Os valores do iluminismo do século XVIII permanecem como a principal fundação para o progresso da civilidade, e, até hoje, os únicos valores que acreditam na desejabilidade e possibilidade de se melhorar a condição de todos humanos”

O poder do marxismo, em entrevista ao “El País”, em 2007
“Os marxistas acreditavam que a classe operária ia crescer quando o que aconteceu é que diminuiu e países como os EUA e a Inglaterra estão até se desindustrializando.”

História, em entrevista ao “Observer”, em 2002
“A História está sendo inventada em larga medida... É mais importante do que nunca ter historiadores, especialmente historiadores céticos.”

Militância comunista, em entrevista de 2002
“Fui um membro fiel do partido comunista por duas décadas antes de 1956 (invasão soviética da Hungria) e depois me tornei um integrante silencioso sobre coisas que seriam razoáveis de não se calar.”

Socialismo e capitalismo, em artigo no “Guardian”, em 2009

“A impotência, portanto, enfrenta tanto aqueles que acreditam em um mercado capitalista, puro e sem o Estado, um tipo de anarquismo burguês internacional, como aqueles que acreditam em um socialismo planificado livre da busca privada pelo lucro. Ambos estão falidos. O futuro, como o presente e o passado, pertence a economias mistas, em que o público e o privado caminham juntos de uma forma ou de outra. Mas como? Este é o problema de todos hoje, especialmente para aqueles da esquerda.”

Carreira acadêmica, durante palestra em 1993
“Cada historiador tem uma caneta privada com a qual analisa o mundo. A minha é construída, entre outros materiais, da minha infância em Viena na década de 20, dos anos de ascensão de Hitler em Berlim, que determinaram minha política e meu interesse em história, da Inglaterra, especialmente Cambridge nos anos 30, que confirmaram ambos.”

Impressões sobre Tony Blair, em entrevista de 2002
“Primeiros-ministros trabalhistas que se glorificam tentando ser senhores da guerra - subordinados senhores da guerra em particular - certamente dão um nó na minha garganta.”

Guerra no século XX, em perfil do “Guardian” de 2002
“Vivi a I Guerra Mundial, quando entre 10 milhões e 20 milhões de pessoas morreram. Naquela época, britânicos, franceses e alemães acreditavam ser necessário. Eu discordo. Na II Guerra Mundial, 50 milhões morreram. Valeu a pena o sacrifício? Eu sinceramente não consigo pensar que não tenha valido. Não posso dizer que o mundo teria sido melhor se fosse governado por Adolf Hitler.”

Guerra no século XXI, em artigo de 2002
“Uma previsão experimental: a guerra no século XXI provavelmente não vai ser tão sangrenta como no século XX. Mas violência armada, criando sofrimento e perdas desproporcionais, vai continuar sendo onipresente e endêmica - ocasionalmente epidêmica - em grande parte do mundo. A perspectiva de um século de paz é remota”.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/as-palavras-de-eric-hobsbawm-6244816#ixzz288c13qEg

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