Na crista da onda
Desde
a criação da Companhia de Jesus, em 1534, o triplo aspecto
(religião/política/educação) da ação jesuítica, desperta paixão e rejeição. No
cenário educacional brasileiro não é diferente, nem poderia ser. Afinal, os
jesuítas além de criarem os núcleos das nossas primeiras cidades, estabeleceram
as bases de um sistema educacional promovendo o mundo das letras em detrimento
da oralidade que presidia o sistema educacional dos nativos.
É amigo leitor, precisamos reverberar o
fato de que uma maneira própria de organização do sistema educacional, já
existia entre os nativos e o que os jesuítas efetivaram foi, fundamentalmente,
a transformação das bases desse sistema. A língua (portuguesa em nosso caso) e
a escrita foram as grandes inovações diante de diferentes culturas e de línguas
variadas, cuja oralidade impunha-se como a alma dos diferentes povos.
Porém, não podemos desprezar que ao
ponto em que chegamos o papel desempenhado pelos jesuítas, repercute na
atualidade. Isto equivale a afirmar que reelaboramos a missão jesuítica, ou seja, passados mais de quatro séculos
tornamo-nos “letrados”. Ainda que muitos conflitos e massacres façam parte do
legado histórico herdado, de um lado, por outro, nós, hoje, (re) significamos
os conflitos e massacres a partir da invisibilidade que produzimos acerca das
culturas indígenas, do preconceito de marca que nubla o preconceito de cor, por
exemplo.
Não se trata aqui de elevarmos os
jesuítas à condição de anjos, tendo
em vista a fé ou de demônios, em
função do aspecto político.
Pretendemos
provocar o amigo leitor e convidá-lo a debater aspectos relevantes para uma
reflexão despida de preconceitos, visando à compreensão da estrutura educacional
no Brasil, uma vez que se há pretensão de mudança, esta tem de ser balizada
pela história.
A temática em questão é objeto de
diferentes pesquisas, o que nos permite verificar novas fontes e perspectivas
capazes de ir além da dicotomia paixão-rejeição, construindo um conjunto reflexivo
e não apenas uma página de elementos selecionados para servir a um lado ou a
outro.
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