por Marta Caetetu 14h 23
Autora: Marta Caetetu
Símbolos são construções sociais - têm função e poder
Os símbolos são uma construção social e têm função e poder nos diferentes grupos. Eles variam no tempo e no espaço, além de poderem comunicar significados diferentes, simultaneamente.
. E por serem uma construção social, carregam desejos, medos, interditos, etc., enfim, valores.
Desse modo, o conjunto referencial simbólico de 'A' pode não ser o de 'B', ainda que em parte coincidam.
Com relação à separação entre o sagrado e o profano, ocorre de igual modo, variando social e temporalmente. E nós somo capazes de imprimir diferentes significados a uma enormidade de elementos tanto para um, como para outro.
Mas quando uma mídia de comunicação utiliza um símbolo secular, atitude que não é exclusividade da mídia nacional, para dizer algo diferente do que ele significa, gera controvérsia.
No caso específico da capa da Revista Placar, com o jogador de futebol Neymar "crucificado", creio que seu idealizador foi profundamente infeliz, porque não é possível desassociar a analogia pretendida pela Revista, do poder simbólico da imagem original.
Não sou católica, nem ortodoxa. Mas sei que os símbolos (para o bem ou para o mal), destacadamente, funcionam como organizadores/suportes identitários.
A Igreja por seu lado, lucra (e muito) com o símbolo que sustenta sua história. Já a Revista tem por objetivo (capitalista) o lucro, cujo sinal é dado a partir de cada capa produzida para cada edição.
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) protestou e a Revista emitiu seu ponto de vista (canhestro) e desculpo-se por meio de nota.
Não acredito em cruzadas medievais por causa da referida capa, tampouco em me calar. Vivemos um tempo de excesso de licenciosidade em contraponto ao "politicamente correto", ou seja, ou se pode tudo, ou não se pode nada.
O que devemos pensar é na função própria dos símbolos, posto que eles continuarão a ser produzidos e apropriados de formas diversas, em tempos de uma tal liberdade que beira à logica hobbesiana.
Íntegra da nota da CNBB
Íntegra da nota da Revista Placar
Autora: Marta Caetetu
Inspirado na pintura original: quadro do espanhol Diego Velázquez |
Os símbolos são uma construção social e têm função e poder nos diferentes grupos. Eles variam no tempo e no espaço, além de poderem comunicar significados diferentes, simultaneamente.
. E por serem uma construção social, carregam desejos, medos, interditos, etc., enfim, valores.
Desse modo, o conjunto referencial simbólico de 'A' pode não ser o de 'B', ainda que em parte coincidam.
Com relação à separação entre o sagrado e o profano, ocorre de igual modo, variando social e temporalmente. E nós somo capazes de imprimir diferentes significados a uma enormidade de elementos tanto para um, como para outro.
Mas quando uma mídia de comunicação utiliza um símbolo secular, atitude que não é exclusividade da mídia nacional, para dizer algo diferente do que ele significa, gera controvérsia.
No caso específico da capa da Revista Placar, com o jogador de futebol Neymar "crucificado", creio que seu idealizador foi profundamente infeliz, porque não é possível desassociar a analogia pretendida pela Revista, do poder simbólico da imagem original.
Não sou católica, nem ortodoxa. Mas sei que os símbolos (para o bem ou para o mal), destacadamente, funcionam como organizadores/suportes identitários.
A Igreja por seu lado, lucra (e muito) com o símbolo que sustenta sua história. Já a Revista tem por objetivo (capitalista) o lucro, cujo sinal é dado a partir de cada capa produzida para cada edição.
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) protestou e a Revista emitiu seu ponto de vista (canhestro) e desculpo-se por meio de nota.
Não acredito em cruzadas medievais por causa da referida capa, tampouco em me calar. Vivemos um tempo de excesso de licenciosidade em contraponto ao "politicamente correto", ou seja, ou se pode tudo, ou não se pode nada.
O que devemos pensar é na função própria dos símbolos, posto que eles continuarão a ser produzidos e apropriados de formas diversas, em tempos de uma tal liberdade que beira à logica hobbesiana.
Íntegra da nota da CNBB
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, manifesta profunda
indignação diante da publicação de uma fotomontagem que compõe a
capa de uma revista esportiva na qual se vê a imagem de Jesus Cristo
crucificado com o rosto de um jogador de futebol.
Reconhecemos a liberdade de expressão como princípio fundamental
do estado e da convivência democrática, entretanto, que há limites
objetivos no seu exercício. A ridicularização da fé e o desdém pelo
sentimento religioso do povo por meio do uso desrespeitoso da
imagem da pessoa de Jesus Cristo sugerem a manipulação
e instrumentalização de um recurso editorial com mera finalidade comercial.
A publicação demonstrou-se, no mínimo, insensível ao recente quadro mundial
de deplorável violência causado por uso inadequado de figuras religiosas,
prestando, assim, um grave desserviço à consolidação da convivência
respeitosa entre grupos de diferentes crenças.
A fotomontagem usa de forma explícita a imagem de Jesus Cristo crucificado,
mesmo que o diretor da publicação tenha se pronunciado negando esse fato
tão evidente, e isso se constitui numa clara falta de respeito que ofende o que
existe de mais sagrado pelos cristãos e atualiza, de maneira perigosa, o já
Íntegra da nota da Revista Placar
Em primeiro lugar, a Placar pede desculpas a quem se sentiu ofendido pela
imagem de capa. Em nenhum momento foi intenção da revista ferir a religiosidade
de ninguém. Respeitamos todas as crenças e defendemos a liberdade de
praticá-las. Mas estamos falando exclusivamente de futebol. Vale esclarecer
que a analogia da fotomontagem é com a crucificação como método de
execução pública praticado antigamente. Como mostra a reportagem,
Neymar vem sendo “apedrejado” publicamente com a pecha de “cai-cai”.
O maior jogador brasileiro, ícone da arte no esporte, virou, para muitos,
o símbolo da dissimulação, da tentativa de burlar as regras do jogo. Ele
cometeu e comete suas falhas, mas ficou com uma imagem de “criminoso esportivo”.
Quando a reportagem estava sendo produzida, surgiu a palavra
“crucificação”, usada corriqueiramente hoje em dia, e daí veio a imagem da
condenação e da crucificação. Acreditamos que a leitura da reportagem será
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