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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Heterônimos e Ele - Fernando Pessoa - 3ª edição

 por Marta Caetetu - atualizado em 04/10/2012  - às 18h 10   Terceira Edição
 
 Fernando Pessoa, aos 10 anos


Quadras ao gosto popular


    
Cantigas de portugueses
São como barcos no mar -
Vão de uma alma para outra
Com riscos de naufragar.
A terra é sem vida, e nada
Vive mais que o coração
E envolve-te a terra fria
E a minha saudade não!
O moinho de café
Mói grãos e faz deles pó.
O pó que a minh'alma é
Moeu quem me deixa só.
Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi,
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei.
Teu vestido porque é teu,
Não é de cetim nem chita.
É de sermos tu e eu
E de tu seres bonita.
Vem cá dizer-me que sim.
Ou vem dizer-me que não.
Porque sempre vens assim
P'ra ao pé do meu coração.
Tenho um segredo a dizer-te
Que não te posso dizer.
E com isso já te o disse
Estavas farta de o saber...
Dona Rosa, Dona Rosa,
De que roseira é que vem,
Que não tem senão espinhos
Para quem só lhe quer bem?
Dona Rosa, Dona Rosa,
Quando eras inda botão
Disseram-te alguma cousa
De flor não ter coração?
Trazes uma cruz no peito.
Não sei se é por devoção.
Antes tivesses o jeito
De ter lá um coração.

Fonte:  http://www.insite.com.br



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atualizada em 30/09/2012       às 23h 18      Segunda Edição




Fernando Pessoa (1888-1935) foi um poeta e escritor português, nascido em Lisboa.  É considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura universal.
Aos seis anos de idade, foi para a África do Sul, onde aprendeu o inglês de modo tão perfeito que das quatro obras que publicou, três são em inglês.
Trabalhou em diversos lugares como correspondente de língua inglesa e francesa. Além disso, Fernando Pessoa foi empresário, editor, crítico literário, jornalista, comentador político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário.  E mais, simultaneamente, produzia suas obras em verso e prosa.
Como poeta, era conhecido por suas múltiplas personalidades, os heterônimos, que continuam sendo objeto da maior parte dos estudos acadêmicos sobre sua vida e obra.
Fernando Pessoa faleceu em Lisboa, vítima de uma cólica hepática, causada por um cálculo biliar associado à cirrose hepática. Esse diagnóstico é contestado, aos dias de hoje, por diversos médicos. 

Principais heterônimos


  • Alberto Caeironascido em Lisboa, era o mais objetivo, primando pela eliminação dos vestígios da subjetividade. É o  menos "culto" dos heterônimos, o que menos conhece a Gramática e a literatura.
  • Ricardo Reis, nascido no Porto, representa a vertente clássica ou neoclássica da criação de Fernando Pessoa. De linguagem contida e disciplinada, seus versos são, geralmente, curtos. Apóia-se na mitologia greco-romana; é adepto do estoicismo e do epicurismo para que possa aproveitar a vida, porque a morte sempre está por perto. Ele é um médico que se mudou para o Brasil.
  • Álvaro de Campos, nascido, também, no Porto, é o lado "moderno" de Fernando Pessoa, caracterizado por uma vontade de conquista, por um amor à civilização e ao progresso. Campos era um engenheiro inativo, inadaptado, com consciência crítica.

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São Lágrimas de Portugal!
(imagem criada por Tatiana Paiva)

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa


Fonte
http://pensador.uol.com.br/autor/fernando_pessoa/biografia/






Uma abraço para todos que curtem Fernando Pessoa.
Até a próxima edição.

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