UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE
DE EDUCAÇÃO
CURSO
DE PEDAGOGIA/2º SEM./TURMA P1
DISCIPLINA:
ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO II
Marta Caetetu |
Aluna: Marta Caetetu
Resenha
Maria
Eulina Pessoa de Carvalho. Modos de
Educação, gênero e relações escola-família. Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 121, pp.
41-58, jan./abr. 2004.
Refletir acerca de questões contemporâneas como as
Relações de Gênero, já é por si uma produção louvável e agregando ao tema o
espaço escolar, a autora aprofunda a reflexão, uma vez que a norma social não
está ausente das relações cotidianas de um espaço que ainda é privilegiado.
Maria Eulina discute como a política educacional, o
currículo e a prática pedagógica são pautados por uma família ideal. Assim, os
modos de educação construídos historicamente, subordinam a família à escola,
perpetuando características das relações de gênero que, na realidade, são
extremamente difusas. Isto, segundo a autora, se traduz numa parceria
escola-família em que a primeira evoca condutas que não condizem com as
experiências vividas pela segunda.
As estratégias de uma escola da rede pública de João
Pessoa no sentido de expor as atribuições da família, são utilizadas pela
autora para ratificar a distância entre um núcleo e outro. E mais, para mostrar como o papel da mulher
ainda é idealizado, como se pudesse ser descolado das transformações
históricas, políticas, culturais, etc..
Além disso, a autora conduz à reflexão acerca da política
de envolvimento dos pais na escola, considerando que esta última, através desse
movimento de cooperação, sinaliza seu fracasso pedagógico. Aponta, inclusive,
que, nesta relação certos requisitos precisam ser considerados, sobretudo, a
disponibilidade econômica e a bagagem cultural dos pais, uma vez que se a
escola quer ajuda complementar, tais requisitos se impõem à família. Mas, para
qual família a escola está se dirigindo?
Se, contemporaneamente estamos vivendo um processo de afirmação da
questão do gênero e, por conseguinte, da visibilidade, cada vez maior, de tipos
distintos de famílias, como a escola pode obter algum sucesso quando desconsidera
o tom da história?
Nesta discussão, que é candente, há uma questão central
que diz respeito ao tempo de quem desempenha o papel de mãe, em detrimento dos
que representam o papel de pai, porque a escola parece não levar em conta a
própria história da educação. Maria Eulina realiza um breve resumo acerca das
mudanças ocorridas, sublinhando o caráter etimológico das palavras educação e
docência; feminino e masculino, respectivamente. Junte-se a isto o fato de que
a educação escolar tornou-se predominante nas sociedades modernas do século XIX
e esta e a família se diferenciaram e se especializaram. Ao longo da história,
a autora destaca como o Estado assumiu a educação formal, afastando-se da
orientação que se dava no lar.
Atualmente, de acordo com as ilações da autora, a
continuidade do papel de mãe na figura das professoras, bem como a imposição da
escola, oculta as possibilidades de levar para o currículo escolar as
experiências das famílias e impede uma relação que seja verdadeiramente de
mão-dupla.
Portanto, o texto torna-se leitura obrigatória entre
Professores e interessados na problematização de questões em torno da relação
escola-família, tendo como pano de fundo as relações de gênero, bem como sua
constituição histórico-social. Essa vem a ser a proposta central da autora que
desenvolve seus Projetos no Centro de Educação e Núcleo Interdisciplinar de
Pesquisa e Ação sobre a Mulher e Relações de Sexo e Gênero, da Universidade
Federal da Paraíba.
Para terminar, vale ressaltar que os estudos e reflexões
apontados no texto podem oferecer subsídios para se (re) pensar as relações de
gênero no espaço escolar.
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