via@Marta Caetetu

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Duplo

Invisível 

Havia uma porta
De madeira maciça, sem verniz,
Coberta por fina camada de tinta cinza, de aspecto fosco,
Que não escondia as marcas do tempo.
Não havia fechadura ou qualquer entalhe por onde abri -la.
Nela, estava afixada uma máscara,
Feita, com certeza, de papel machè.
Parecia que o desenho da boca tinha letras.
Aproximei-me devagar, busquei meus óculos
E estiquei-me para alcançá-la.
Ela era bem pequena!
Tirei-a do gancho e ela encontrou
O aconchego de uma das minhas mãos.
Havia alguma coisa escrita com letras estilizadas
Mas podia -se ler, claramente, o que a máscara insinuava gritar:
Ternura.
Nunca soube se havia algo
Ou alguém atrás daquela porta.
O que eu fiz?
A máscara está, até hoje,
Ao lado da minha
Caixinha de música.
Que quando aberta, deixa-nos ver sua bailarina rodopiando,
Enquanto a máscara sorri, dizendo...
Ternura.

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